Eu odiava minha primeira faculdade, mas adorava as aulas de História da Arte. Tive sorte de estudar com uma excelente professora, que realmente amava aquilo que fazia e reconhecia a importância da arte para a formação humana. Graças a ela decidi que dedicaria minha vida ao assunto.
Ainda me lembro em detalhes das imagens das catedrais de Chartres e Amiens que ela projetava na parede. Ainda me lembro perfeitamente de sua voz, cuja fragilidade acrescentava dimensões espirituais a tudo o que dizia.
Eu já tinha abandonado a faculdade e decidido consagrar alguns semestres a outros estudos quando um dia quase atropelei minha professora. Ela certamente teria morrido; a idade avançada não teria permitido que sobrevivesse ao impacto e aos ferimentos.
Foi num centésimo de segundo que decidi abrir a curva da bicicleta, já que alguém poderia sair de uma portaria que eu até então não havia notado.
Aquele instante tem para mim a duração da eternidade.
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