segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Adeus ao Maksoud Plaza Hotel

Na última vez que estive em São Paulo, me hospedei no Maksoud Plaza. O hotel foi construído no final dos anos 70 por Henry Maksoud, empresário das antigas, bastião do liberalismo econômico e responsável, entre outras façanhas, pelas obras do Galeão, no Rio de Janeiro.
O projeto do edifício é de Paulo Lucio de Brito, que cuidou dos detalhes para tornar o empreendimento uma referência também arquitetônica em hotelaria. Em Estilo Internacional e flertando com o Brutalismo, o interior foi finalizado com painéis de Maria Bonomi, telas de Alfredo Volpi e Tomie Ohtake, um bronze do espanhol Diego Ortega e a icônica escultura pendente de Yutaka Toyota sobre o lobby principal.
A lista de hóspedes ilustres do Maksoud é imensa e vai de Ray Charles a Margareth Thatcher, passando por Mick Jagger, Björk, Pedro Almodóvar e os príncipes de Mônaco. No auditório se apresentaram lendas como Frank Sinatra, Tom Jobim, Julio Iglesias, Billy Eckstine, Michel Legrand, Earl Hines e Sammy Davis Jr. Os concertos semanais de jazz se tornaram célebres e as festas de fim de ano se consagraram pela elegância.
Do mundo do entretenimento à economia e política, inúmeros negócios e acordos foram firmados nos salões e suítes do hotel.
Apesar da história fascinante, as dificuldades enfrentadas pelo Maksoud eram evidentes na última vez que estive por lá. As janelas já não eram das mais limpas, uma rede de contenção no lobby alertava da possível queda de detritos e o serviço de reservas estava confuso. Fui colocado num quarto uma categoria abaixo da contratada, mas tudo acabou numa compensação diária em iguarias.
Desde o fim dos anos 2000 o Maksoud se arrastava num imbroglio, atolado em cobranças. A morte de seu fundador, em 2014, tornou a situação ainda mais crítica, até que, em Dezembro de 2021, o hotel encerrou as atividades.
Ficaram as recordações de tempos que não voltam mais.







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