sexta-feira, 7 de maio de 2010

Arvo Part - Fratres

Orquestra da Ópera Estatal Húngara
Regente Tamás Benedek

     Arvo Pärt nasceu na Estônia e deu início à carreira de compositor numa emissora de rádio. Os estudos que fez da música medieval e renascentista o afastaram da vanguarda e após um forte declínio produtivo em finais dos anos 60, retomou as atividades com uma linguagem renovada, caracterizada por acordes perfeitos e elementos simples inspirados no cantochão medieval. Nessa nova fase descobriu variedades infinitas de significados e mensagens que uma mesma nota ou frase musical poderiam transmitir. Seu novo estilo foi chamado de Tintinabuli, nome que evoca a sonoridade produzida por um sino.
          A peça Fratres é de essência meditativa. A partir de uma nota central, sequências nas notas inferiores dão início a uma frase que será concluída por outra sequência proporcional nas notas superiores. Se a primeira sequência for ascendente, a conclusão também será. O mesmo ocorre nas frases descendentes, criando-se um jogo de constante equilíbrio matemático. Os conjuntos de frases são intercalados por seções percussivas que preparam a mudança da nota referencial e da intensidade sonora. No cd estão registradas boas interpretações de sete versões instrumentais diferentes para a peça, nas quais o compositor explora variadas abordagens dramáticas do mesmo material.
          Festina Lente é um idílio melancólico, escrita para instrumentos de cordas executados em velocidades distintas. Já Summa tem como foco principal os efeitos originados pelo acompanhamento orquestral a uma melodia baseada em apenas três notas. Bela em sua simplicidade, a peça adquiriu nessa interpretação estranhos contornos de dança com notas enérgicas quase em staccato, em vez de frases serenas em legato. Um equívoco lamentável.
          Cantus in Memoriam Benjamin Britten é constituída por sequências descendentes, executadas pelos instrumentos de cordas em diversas velocidades e pontuadas pela percussão de um sino. Teoricamente a fórmula resultaria em uma desordem inaudível. Apesar disso o que se ouve nessa interpretação exemplar é uma música de beleza surpreendente.
          Arvo Pärt ganhou projeção com a indústria de cds e suas peças despertaram interesse nos gostos mais diversos. Nos anos 90 cogitou abandonar a carreira, mas nem mesmo a crise do mercado fonográfico abalaria sua produção. De temperamento extremamente reservado, o compositor continua a cativar o público com obras de excelente qualidade.

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2 comentários:

Unknown disse...

Oi pessoal !Conheci o Arvo Part através de um amigo ...desde então escuto e estou gostando .Abraços :)

Roberto Ormond disse...

A música de Arvo Part é realmente maravilhosa. Escutei pela primeira vez em 1997, num programa da Rádio Mec apresentado pelo compositor Marlos Nobre. Desde então, passei a acompanhar seu trabalho.
Abraço!