sexta-feira, 7 de maio de 2010

Concertos para Piano Ns. 2 e 4 de Paisiello

Collegium Philarmonicum Chamber Orchestra
Regência : Gennaro Cappabianca
Piano : Francesco Nicolosi

     Giovanni Paisiello entrou para a História como concorrente de Cimarosa e autor de um Barbeiro de Sevilha preterido pelo de Rossini. Sua música está hoje fora de moda e é bem provável que assim continue por um longo período, até ser reabilitada num desses revivals que ocorrem de tempos em tempos. Os acontecimentos pouco abonadores - percalços comuns aos grandes artistas - não resumem sua criação muito menos seu nome é digno do quase desprezo com que é recebido pelo gosto atual, já que biógrafos ressaltam constantemente sua influência sobre contemporâneos e as fortunas pagas pela prestação de seus serviços.
          Nascido em 1740, Paisiello iniciou a carreira como operista cômico e após uma temporada na corte de São Petersburgo estabeleceu-se em Nápoles, de onde partiu para uma breve estadia na Paris de Napoleão. Suas mais de 70 óperas conhecidas e diversas obras corais revelam uma dedicação à música vocal que predominou sobre a instrumental ou sinfônica. Alguns de seus concertos para cordas foram escritos num modelo superado e de certa forma arcaico, mas suas obras para piano e orquestra continuam válidas e merecedoras de atenção.
          A abertura do Concerto n.2 em fá maior sugere uma serenata ou divertimento para grupos de madeiras, cordas e metais. As flautas exercem papel importante, atuando quase como comentaristas dos temas no decorrer dos três movimentos. Curiosamente o piano apresenta pouca densidade harmônica, executando muitas vezes notas isoladas. Reminiscências de antigas sonatas para cravo e uma graça Mozartiana pairam sobre toda a composição.
          Afastando-se do forte espírito vienense da obra anterior, o Concerto n.4 em sol menor deixa transparecer no tratamento orquestral uma excitação tipicamente italiana. Seu primeiro movimento possui vigor acentuado e o segundo reúne alguns elementos já românticos, é verdade, mas a exposição do tema inicial nas cordas em tutti poderia perfeitamente ser a de um concerto grosso barroco.
          Com exceção do primeiro movimento do Concerto em sol menor - onde a expressividade do conjunto contrasta com a atuação às vezes tímida do solista - a interpretação de Francesco Nicolosi resulta bastante convincente. Completam o cd a Abertura da Ópera Proserpine e uma Sinfonia d'Opera.

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