sexta-feira, 7 de maio de 2010

Charles Koechlin et la Flûte


Flautas: José Ananias Souza Lopes e Rogério Wolf
Piano: Achille Picchi Fagote: José Eduardo Flores
Clarineta: Edmilson Nery Trompa: Marcus Bonna


     O nome de Charles Koechlin esteve esquecido durante décadas. Sua considerável produção não lhe garantiu lugar de destaque no repertório do século XX nem mesmo pela orquestração de peças de Debussy e Fauré. A indústria fonográfica tampouco se interessou por sua obra, contribuindo para limitá-lo a uma vaga citação dos livros de história. Aluno de Massenet e Fauré, professor de Milhaud e Poulenc, teórico e autor de um tratado de orquestração, esse importante compositor francês presenciou as duas grandes guerras e trabalhou para a consolidação de novas linguagens musicais como membro da Sociedade Internacional para a Música Contemporânea.
          O cd de intérpretes brasileiros dedicado a peças para flauta e pequenos conjuntos acompanha a renovação do interesse por sua obra, iniciada nos anos 1990. As composições escolhidas revelam um espírito introspectivo e observador, cuja inspiração busca constantemente a beleza num impressionismo estilizado, de frases livres, essencialmente modernas.
          Nas 14 peças Op 157 e em Les Chants de Nectaire variadas inflexões conduzem os temas a desenvolvimentos inesperados. Breves evocações pictóricas atravessam oitavas e tonalidades no intervalo de poucos compassos. Ainda que muito do material apresentado pudesse ser empregado em criações maiores, a riqueza dessas miniaturas jamais é desperdiçada, já que o prazer de apreciá-las reside justamente na observação de suas nuances.
          Outra característica de Koechlin é o emprego de mais de um estilo e estados de espírito opostos numa mesma composição. A escrita tradicional, quase classicista, do último movimento do Trio Op 92 contrasta em tudo com a linguagem moderna do restante da obra. Por sua vez, o otimismo do segundo movimento da Sonata op 75 termina sombreado pela tristeza desoladora de uma introdução que será reafirmada no movimento final.
          A interpretação das peças do cd exige muito mais compreensão subjetiva que virtuosismo e o resultado aumenta as expectativas para a volta das obras orquestrais do compositor às salas de concerto.

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