1938. Nessa época a Europa estava à beira da guerra. Ministério da Educação e Saúde. É claro que a revista era coisa do Vargas. Villa-Lobos trabalhava nas Bachianas e implementava o canto orfeônico nas escolas. Pobres criancinhas! "O grande problema de nossa vida artística se desenha em termos primários de cultura", vaticinava Eurico Nogueira França num artigo sobre o Congresso Musical de Praga. A edição celebrava os 20 anos da morte de Debussy e a inauguração do busto de Saint Saens no Ópera de Paris. Entre um tema e outro encontrei grafismos indígenas que mais lembravam circuitos eletrônicos. Faz sentido. Os deuses não eram astronautas ?
Descobri que o Hino Nacional poderia ter tido outra letra, de um tal Carlos Magalhães de Azeredo, poeta defenestrado da história pela versão de Duque Estrada. A cereja do bolo era u'a matéria com o embasamento científico-fisiológico apropriado para as aulas de canto - da década de 1930, valha-me Deus! - e a louvação do ensino orfeônico nas escolas. Deve ter feito vítimas.
Interessantes o perfil biográfico de Heinrich Kaspar Schmid, músico alemão totalmente esquecido, e uma relação de compositores norte-americanos até hoje ignorados nas tabas tropicais.
O dono da banca já me olhava desconfiado.
"É dois reais ?" - perguntei.
"É sim, meu amigo."
"Vou levar."
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